Depois do vendaval,
a vida se anuncia:
renasce com o sol
que traz a luz do dia,
o silêncio da prece,
paz que prevalece,
o odor das flores
a revelar caminhos.
Revoada de pássaros
a refazer seus ninhos
e a esperança louçã
de se acreditar de novo,
no novo,
no amanhã.
Mistério a desvendar,
desbravar.
Quem sabe um bem guardado,
ou suposto legado.
Ah, não fosse o amanhã!
Não fosse o tempo,
senhor da razão,
que, com sabedoria suprema,
é bálsamo que alivia:
distanciando saudade e dor.
Os gritos amordaçados,
lágrimas e apelos
perdem força:
são amenos
até se dissiparem
ao vislumbrar salemas.
Depois do vendaval,
a brisa sopra leve
e descreve a rota dos sonhos
que caminham sobre as águas,
dantes turbulentas,
agora tranquilas e serenas.
Depois do vendaval
tudo volta ao normal:
vai a noite,
vem o dia,
cotidiano e fantasia
até o próximo temporal.
jan 07 2024