Ausência!

Ela dançava,
ela sorria,
ela esbanjava sua alegria.
Ela nascia,
ela morria
e renascia co’a flor do dia.
Ela vertente,
ela nascente,
leito e percurso da poesia.
Corria mundos.
Não poderia
não fosse o dom da inspiração.
Varava sóis,
cobria luas
nas fases frias de noites nuas.
Ela esboçava e coloria
os muros cegos de seus quintais.
Trancava dores,
calava ais,
abria frestas para os amores.
Juntava cacos da euforia
e enfeitava os festivais.
Vagava versos em sintonia
com o trem das cores
nas estações.
Ela fazia e acontecia
sem demarcar as emoções.
Ela nascia,
ela morria.
Hoje ela jaz.
Não nasce mais.