Hoje me despeço do que sou.
Dos meus sonhos amarelados,
enroscados em teias
tecidas por desencantos
desencadeando planos inacabados,
esboçados pela falta de ânimo,
que se perderam no tempo
por nunca surtirem efeito;
lançados ao contratempo,
descorados,
imperfeitos,
perdidamente desfeitos.
Despeço-me das dores,
das ausências
e dos amores,
daquelas que mais senti,
daqueles que mais amei
e pelas estradas ficaram
ou se foram,
sem uma razão qualquer.
Coisas que ninguém sabe explicar.
E, eu criança,
menina,
mulher.
Só, a recomeçar.
Despeço-me das feridas,
do passado
que um dia vai passar.
Recomeço nova fase.
Desponto com a aurora
sob a luz de um novo brilho
que me guia e revigora
a luzir o despontar
de meus primeiros cabelos brancos,
marcando a nova estação
e o meu sorriso franco
ao lado de velhos amigos,
novos amores,
que, comigo,
entre essências e flores,
também envelhecerão.
dez 09 2024