Espelho!

Que espere a emoção!
Dê-me um tempo a inspiração.
Rasa de sensibilidade,
encontro-me com a verdade
de cara lavada
sem máscara ou vaidade
frente ao espelho.
Quem sou?
Ele nunca revela.
O lado que mostra
é o que me prostra
e o que todos veem.
Retrato mal formulado,
moldura sem essência:
minha passiva armadura,
defesa de meu ponto fraco.
Meu exterior de agruras
que tento esconder.
A fragilidade oculta
não deixa transparecer.
Minh’alma não espelha
e preciso saber
o que ela quer de mim.
Como mostrar-me nua,
se a nitidez ofusca
e é o que quero transparecer?
Encobre as perfeições
mantidas bem guardadas,
veladas,
consagradas,
para os tempos de expiação.
Reflete as evidências,
o óbvio,
as certezas.
Esconde o coração.