Eutanásia!

Hoje minha poesia está só.
Triste, pede para morrer.
Não quer mais se atrever,
não quer mais voar.
Pede-me eutanásia.
Cansou de se expor,
gritar de canto a canto
o desencanto que a fez vibrar,
levar aos quatro cantos a arte de amar,
mostrar-se vulnerável à dor,
e toda a fragilidade
carregada de verdade
manifestada em versos.
Despiu-se e me despiu
desfiando seu rosário,
ao indignar-se com o que viu.
Ninguém viu, ninguém leu, ninguém sentiu.
Hoje, descrente, pede para morrer.
Covarde ou valente?
Pouco importa a esse mundo indolente.
Não sei bem o que faço.
Compreendo o seu cansaço
ou tento compreender.
Mas sem ela
como vou viver?