Leva-me!

Leva-me, oh, mar,
às profundezas de teus mistérios,
entre águas,
algas
e corais
onde jazem desfeitos
navios
e castelos,
histórias guardadas
não reveladas,
onde habita em um sacrário,
a paz.
Leva-me, oh, oceano,
a circundar tua imensidão,
participar de teu plano
como um rito
navegando meu barco farto
de conflitos,
despejá-los nas ondas
que nunca voltam
onde o horizonte despenca
no infinito.
Leva-me, oh, céu,
põe-me asas,
carrega-me contigo.
Quero transcender
a mansidão de teu véu,
descortinar alcovas
de amores incontidos,
alçar um voo atrevido,
destemido
e abraçar toda brandura
do infinito.
Preciso transitar entre as estrelas,
descobrir onde acordam,
onde adormecem
e me cobrir de fantasias
e cintilações.
Onde a noite surge
e a manhã começa
para onde vão as minhas orações
quando aos céus dirijo
minhas preces.
Leva-me, oh, montanha,
a permear entre névoas,
cascatas
e entranhas,
trilhar a rota da emoção
em um sonho colorido
e, lá de cima,
vislumbrar
um mundo mais bonito.