Mostrei o que sou.
O que realmente modula em mim;
fui contra as marés,
emergi de um abismo sem fim.
Cruzei linhas paralelas,
corri na contramão do vento, do tempo
e me alcancei na última estação.
Rasguei minha carne, expus meu avesso,
o meu contexto
e toda a sensibilidade verbal, emocional,
escondida em contra senso,
sufocando o bem, endeusando o mal.
Postei nua minha identidade
e toda a verdade antissocial
chocando a realidade dura.
Regorgirtei iniquidades cruas
ingeridas por razão irracional
sob forte pressão radical.
Viajo sem malas.
Sem revolta ou bilhete de volta.
Sinto-me leve, nada que me pese,
sem as alças das parafernálias
que pendurei num tempo que já teve fim.
Sigo só: melhor assim.
Insana, estranha, profana
é o que pensam e podem pensar de mim.