De despir-me das vontades
e nua de desejos e ensejos
perder minha identidade.
De desistir dos sonhos
e me imbuir de marasmos,
cultivando um amanhã enfadonho.
De mergulhar no vazio;
dele não conseguir sair
e por mais que eu tente, nele persistir.
De perder a inspiração,
vítima da síndrome do papel em branco
e fragmentá-lo com meu pranto.
De que a sombra se interponha
e me impeça de ver a luz,
o belo, o arrebol, o sol.
De que pensamentos funestos
conspirem contra mim,
no universo,
e me retornem ainda mais perversos.
De não encarar a verdade,
alienar-me à falsidade
e por mais que me custe,
mascarar a realidade.
De não ter ousado,
não ter lutado,
não ter recomeçado,
não ter acertado,
mesmo tendo amado.
Medo de não perder o medo.
jul 23 2020