Navegante!

Navega, pensamento:
cruza os mares,
enfrenta as marés,
acalma a turbulência,
germina os ares
da mais pura essência.
Desperta os sonhos
que geram resplandecência.
Junta-te a eles,
percorre a luz,
inebria-te da luminosidade.
Perde-te nesse clarão,
fecunda-te de significados,
percorre o infinito
alheio ao sol eclipsado,
ignora a escuridão.
Cresce seguindo sempre
a melhor direção.
Navega, pensamento:
não temas as calmarias.
Insiste em teu intento
mesmo que não haja vento,
ainda que na contramão do tempo.
Iça as velas do teu barco,
vive esse momento,
peregrino bardo.
És livre,
podes seguir em frente,
alcança o teu desejo,
tu, que podes navegar,
busca o teu ensejo,
realiza os sonhos
que eu sempre quis realizar.
Vai, adentra as brumas do oceano,
desvenda-lhe os mistérios,
arranca-lhe os panos,
envereda-te em seus encantos
reais e surreais,
constrói os teus castelos,
povoa-os de ideais
e volta para me buscar.