Pacto!

Compactuo comigo mesma.
Coloco um filtro na realidade
onde os sonhos mais urgentes
não querem acordar.
Purifico o que pode penetrar
e me fazer melhor.
Nada é pior que não tentar.
Deixo levezas umedecerem o pó,
lugares onde a aridez gerou trincas
e a dor se infiltrou sem dó.
Barro excessos.
O peso torna-se indigesto,
fardo que não quero engolir.
Nada que me impeça de ser,
crer,
viver.
Nada a fragilizar minha realização humana.
Abraço conteúdos substanciais
sem trair minha essência,
meus ancestrais.
Dispenso embalagens.
São teias onde posso me enroscar.
À luz do sol aceno.
Arranco o filtro para ela entrar.
Que se alastre,
ocupe os cantos,
seja festa.
Faça-me pensar que toda hora é dia
e a cada instante me vejo amanhecendo
por todo tempo que me resta.