Solta-se da rosa a pétala
sedosa, ainda, e perfumada.
Dos aromas que partilhara naquele botão
tão macia que era
tão suave em seu cair
ato-lhe ao ar num olhar de suspensão
eternizo-o na memória de existir.
De cada vez que passo
junto ao vaso em que caíra
sinto a fragrância
toco-lhe a macieza perene
naquele gesto mágico e furtivo
de lhe ter em recordação
de lhe guardar onde persiste.
Hoje, paro e não resisto
em tocar o botão maquinal
deste relógio que atraso
cem séculos, mil anos de demora
tanto tempo a suceder
prendo-a nas nervuras do poema
perpetuo-a na memória de escrever!