Prece!

Aquieta meu coração, Senhor!
Com rebeldia,
ele me impõe ritmos,
acelera os batimentos,
expande-se e se contrai
à minha revelia.
Sinto-o atrapalhando
meus passos,
invadindo meus sonhos,
entorpecendo meus músculos.
Nas horas de maior silêncio
ele grita,
indiferente aos meus apelos:
cobra-me atitudes,
impõe sua vontade e desejos.
Assustada,
peço-lhe que se cale.
Ele ri de mim,
dos meus medos inúteis,
dos meus segredos antigos.
Meu coração tiraniza meus dias.
Faz-me exigências
e me indaga,
até quando eu o manterei prisioneiro.
Nos fins de tarde,
cansado de lutar comigo,
ele se entristece
e, com uma voz doce,
quase inaudível,
suplica que eu o liberte.