Querer!

Já não sei quem sou,
onde estou,
para que lado vou.
Perdi-me na valsa da vida
sem chance de me achar,
sem contrapartida
para me engabelar.
Nada que me incentivasse a luta,
ousar a disputa,
perder ou ganhar.
Descompassei ao querer girar,
cambaleei por todos os cantos
sem ter onde me aprumar.
Ceguei-me à ilusão de encantos.
Quis parar.
Valsei a contradança
sem par,
sem aliança
imbuída de cumplicidade
na realização de sonhos,
e poder, um dia,
com eles voar:
sonhos que me vestiram
para me reencontrar.
Fugiram-me motivos,
sorrisos,
entusiasmo.
Secaram-me lágrimas,
sinais de emoção.
Não mais encontro condução
a me possibilitar continuar.
Abraço a poesia:
ela me reverencia,
me acompanha
noite e dia.
Com ela choro e rio.
Em segredo,
desabafo.
Agravo e desagravo.
Nela eu confio.