Sem rédeas!

Solto as rédeas.
Deixo o pensamento
comandar o momento.
O importante é me entregar,
decolar desse porto sem cais,
abandonar o navio,
o vazio,
caóticas e insolúveis situações.
Ir onde ele bem me levar
sem temer o que virá,
o que verei,
o que será.
Roletar direções,
represar previsões
que erram a todo instante,
incorrendo em tempestades
as imprevisões diárias.
Por ora,
viajo com meu pensamento
liberando endorfina:
combustível para meu pensar;
oxigênio para meus neurônios,
sem saber onde vai dar.
Circundando a rosa dos ventos
tatuada no tempo,
em sonhos e irrealizações,
disperso poemas,
sentimentos guardados,
chorados,
calados,
inerentes aos temas
que já não estão sobre as mesas.
Um pouco acima do chão
deixo um vão
entre o abstrato e o concreto.
Talvez uma passagem
para algum amor secreto:
um decreto publicado em poesia
em pleno trajeto.
Voo com meu pensamento
até onde possa voar.
Com ele tenho alento,
paciência para me adaptar.
E volto resiliência,
apta a continuar.