Tempo!

E a vida devagar
tolhe devaneios parcos,
poucos,
sonhos enroscados,
perdidos,
afoitos,
famintos de querer ficar.
Ocultos em oposição ao vento
pedem por socorro
clamam abraços de um poeta louco
a não se dar conta
de que o tempo é pouco
para investir tanta emoção
e se emaranha nesse espaço roto,
por contradição,
nessa trajetória breve
que descreve
um caminho torto
onde o espinho arde
e a flor já não mais dá.
Mas se o motivo é arte,
há que se cumprir a sina
da poesia que invade.
Ainda que o sol se (o)ponha
e na última esquina,
de qualquer rua,
aponte nua –
em inusitada quinta fase –
a lua.