Há por baixo da minha pele
tantos caminhos insuspeitos,
tatuagens sob a epiderme
que traduzem meus desejos.
Há na minha pele atalhos
que nunca foram explorados.
Nua, me exponho ao orvalho.
Por que nunca os macularam?
Por baixo da minha pele
há um jardim permitido,
um desejo que me impele
e me inunda de fluidos.
Há na minha pele fertilidade,
uma ânsia de ser tocada:
mãos hábeis trariam saciedade,
e a flor do amor seria brotada.
Por baixo da minha pele, há arrepios:
uma sede que água nenhuma sacia
que deságua em intensos rios
e molha os versos da minha poesia.
Há, na minha pele, um mar revolto
e uma ânsia de mergulhos viscerais.
Traduzo em versos tempestuosos
os meus desejos carnais.