Coração Desajuizado!

Meu coração atrevido
desconhece as leis da vida,
a gravidade que nos alicerça
nessa incrível viagem:
voar,
levitar,
pousar,
mudar de patamar.
Por mais que tenha vivido
nunca se vê abatido,
ainda impulsiona o ir
embora o físico,
sem ar,
queira ficar.
Não sabe que o tempo passa
e a pulsação descompassa,
enrosca-se nas entranhas
das ousadias,
nas retrancas
das finitudes de sonhos
e utopias.
E o coração insiste,
jamais desiste.
Atém-se ao que prevalece,
ao que regozija
e entorpece,
certo de que assim não envelhece.
Quer pulsar,
explorar,
conquistar.
Rende-se à tentação turbulenta,
à sedução das paixões fraudulentas
que avassalam e se vão,
mas sempre deixam lição.
Capta qualquer emoção.
Acelera o ritmo,
sem noção.
Encanta-se com quase nada:
a brisa que passa,
um sonho de valsa,
um beijo,
uma flor.
Vive o que o conforta,
o que lhe importa.
Coração desconhece razão
por ser tão limitada.
Rígida na partida,
precisa na chegada.
Vai, coração,
embarque na fantasia,
viva o que o extasia.
Vai onde hoje não posso ir.