Mundo!

Lá fora me chama o tempo
e, incansável,
meu nome proclama
ecoando nas marolas do vento,
ora brando,
ora turbulento.
Aqui dentro,
mundo imaginário,
eu me retranco.
Burlo as leis do calendário,
horas,
dias,
meses
e anos
e deixo o tempo ir,
sem resposta,
sem realizar o que mais gosta.
Retiro as travas da alma,
libero o que me acalma:
emoções sinceras e retidas
que, em catarse,
se manifestam
contra as opressões da vida.
Abro uma janela no peito,
meio que sem jeito,
exangue,
e a luz,
antes como um bumerangue,
penetra agora interior adentro,
reacendendo minha existência,
meu pensamento,
minha essência.
Revela o amor adormecido
na invisibilidade da abstração,
entre as metáforas,
escondido,
nos textos mudos
e não ditos,
nas entrelinhas da composição.
Ah, tempo,
passe a contento,
não mais importa
que me chame o vento,
pois no mundo em que me adentro,
a poesia rompe
ao romper o dia,
o amor é amor de fato,
é nato
e a fantasia se tornou real.