Náufragas palavras!

Pobres palavras,
náufragas
e inaudíveis,
vagueando perdidas
no vasto oceano
à mercê do vento,
ondas
e tormentas,
tentando emergir
a um novo plano.
Viajantes sem destino
buscam outro rumo,
uma razão maior
para se tornarem texto.
Vagam imersas,
desencontradas,
sem prumo,
apagadas,
sem nexo,
longe de um contexto.
Ah, palavras,
que não se deixam ouvir!
Que itinerário pretendem seguir?
Não emitem som,
trazem dias sem glória.
Qual ancoradouro aportará sua fantasia,
a ousadia,
se um dia se tornarem história?
Quem sabe as estrelas do mar as embalem,
aconchegantes
e faceiras
as façam refletir
ou a linha do horizonte
as encontrem
defronte ao novo por do sol que há de vir.
Quem sabe as ondas do mar as naveguem
e brancas espumas as façam se quebrar
em um castelo de areia
que, ansioso, aguarde
o mundo de sonhos
que sonham ancorar.