Sonho!

Era um sonho inatingível,
fora da realidade,
das possibilidades
de quem só sabe sonhar.
Trancado à sete chaves
em um cofre no fundo do mar,
um mundo à parte
imergindo dons de voar,
desses que ninguém invade
sem estar apto para tanto,
guarnecido de encantos,
de sentimentos tantos
nascidos do âmago para se soltar
e chorar pelo que não pode,
pelo que não coube
e teve que calar
tal a vastidão de seu penar.
Era um sonho inatingível,
praticamente impossível
de se realizar.
Virar poeta da noite para o dia,
perseguir a utopia
que não se deixa tocar.
Se tocada perde a magia
e o sonho vem a desabar.
Inatingível.
Mas era um sonho.
Não podia esmorecer,
cair em abandono,
desvanecer
sem ter visto o sol
do alvorecer,
beijado a nostalgia
do entardecer
sentido a primavera nascer.
Não podia morrer.
Deixar o poeta
de mãos vazias,
atadas
e a alma repleta de poesia,
mutilada.
Inatingível,
mas não impossível.
Bastaria acordar e buscar.