Versos!

Trago na boca sabor de sol,
calor incessante a aquecer o sonho.
No olhar, a luz jorrada pelo arrebol,
acesa pela esperança de um porvir risonho.
Na garganta, a voz rouca de quem silencia
o brado resguardado a esperar pelo dia
de se fazer ouvir o que a alma fala.
Trago nas mãos a calosidade da lida,
missão por hora cumprida,
o que me reservou a vida,
simples guarida,
acervo de minhas rimas e composições,
palavras recolhidas de minhas emoções
levando-me onde bem quero,
onde almejo e espero
a realização dos sonhos.
Trago na alma a lágrima do inocente
que, ao se calar, consente,
a culpa que jamais foi sua,
julgado a revel,
justiça incomplacente,
verdade inconveniente,
injustiça a prevalecer,
e o culpado jamais castigado.
Minha impotência em só descrever
fragilidades em estrofes e versos
captadas de um mundo adverso
talvez possa ir além de escrever:
um dia toque o ser insensível
e quem sabe fale ao coração de alguém.