Saio de mim.
Observo-me.
Sou mar vigiando a ilha
volteando seu redor,
tentando explicações.
Busco me compreender.
De longe e de perto
há muito de encoberto.
Pego carona em uma onda
que me leva e traz.
Passado e presente
vasculham-me a mente.
Travam embate perspicaz
à procura da fase
em que me perdi,
onde o obscuro não refaz
o que não lembro mais.
Apaguei com borracha
e ninguém me acha:
é onde me desconheço.
Onde a angústia mora
e o nada me consola.
Imagino uma escada
e recomeço outra vez
do primeiro degrau.
Vou limpando as fuligens
até alcançar o último
e clarear o que tranquei.
Talvez assim me ache
e me traga em um encontro surreal.
ago 10 2022