Categoria: Poesias

Impressões!

Estou de passagem, tu sabes. Estás de passagem, eu sei. Deixa que eu grave em minhas digitais a tua travessia ou deixa que eu grave minhas digitais em tua travessia. Tanto faz! Miriam Portela

Hei!

Hei de amar-te: com a lucidez dos cegos, com a serenidade dos pródigos, com a urgência dos meigos, com a volúpia dos mártires. Hei de amar-te: no abandono dos sustos, no intervalo das dores, no revés dos sonhos. Hei de amar-te: apesar dos limites do corpo, durante a suspensão dos medos, com a delicadeza que …

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Percepções!

Quando dei por mim o mundo havia mudado. Parei, embora o tempo não houvesse parado. As pessoas já não eram as mesmas. Afeições, aflições, feições, expressões. Estranhei. Procurei olhar bem por dentro, talvez algum indício em cada uma, um sinal que preenchesse essa lacuna ou me guiasse onde as pudesse achar. Ou me achar. Divaguei. …

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Leva-me!

Leva-me! Serei uma fresta, uma nesga, uma brecha, um atalho costurado em teu caminho o silêncio disfarçado, um pergaminho. Se, por acaso, te perderes no ocaso e te cegares o breu da escuridão posto-me à frente agora, sem demora e me dou-te em poesia, a mais bela criação.

Falhas!

Faltou dar significado à vida, viver o instante antes da partida, trancar a porta aos sentimentos precários, desnecessários para um transcorrer palpável. Renascer a cada dia de esperança e alegria. Faltou o recomeço, o afã de reinventar motivos para comemorar as artimanhas da sedução, o fetiche da paixão. Exorbitação. Faltou alimentar os sonhos que, enfraquecidos, …

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Mudança!

Abandona o cais. Navega. Engole os ais. Enfrenta as tormentas. Tu és capaz. Sai do ventre, rompe a bolsa. Desliza com a expulsão. Respira. Chora. Esperneia. Acata os desígnios da vida. Ela convoca; não convida. Supera idas e partidas, adeuses e despedidas. Recolhe os sonhos. Ainda há. Basta acordá-los e viajar. Escancara a janela. Observa …

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Ausência!

Ela dançava, ela sorria, ela esbanjava sua alegria. Ela nascia, ela morria e renascia co’a flor do dia. Ela vertente, ela nascente, leito e percurso da poesia. Corria mundos. Não poderia não fosse o dom da inspiração. Varava sóis, cobria luas nas fases frias de noites nuas. Ela esboçava e coloria os muros cegos de …

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Desenhei-te!

Desenhei-me de ti. Soletrei tuas palavras. Embriaguei-me do teu falar. Bebi tuas promessas. Acreditei no teu alinhavo. Naveguei nos teus sonhos. Me fiz amor. Deitei sobre a paixão. Fui verdade. Senti teus beijos. Enlacei-me nos teus abraços. Desejei teu calor. Queimei-me de prazer. No desejar, sorvi o vinho. Embriaguei-me de teus sorrisos. Vivi a ilusão, …

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Permita-se!

Sem medo, ame! Somos o fogo dos nossos anseios. Deliramos em nossos desejos. Buscamos a felicidade. Queremos a paz, o amor, a alegria. Precisamos nos permitirmos ser, inspirar canções, cantar! Balançar a rede. Sublinhar os momentos. Apreciar o nascer do sol. Ser nuvem, calmaria. Sentir o frio do luar e a névoa que a cobre. …

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Pacto!

Compactuo comigo mesma. Coloco um filtro na realidade onde os sonhos mais urgentes não querem acordar. Purifico o que pode penetrar e me fazer melhor. Nada é pior que não tentar. Deixo levezas umedecerem o pó, lugares onde a aridez gerou trincas e a dor se infiltrou sem dó. Barro excessos. O peso torna-se indigesto, …

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